sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

ÉTICA E CIDADANIA

ÉTICA E CIDADANIA

Adianta falar sobre cidadania sem falar em ética? Ou uma coisa não se relaciona a outra? Qualquer que seja a resposta, ela deve se aproximar de uma certeza: sem ambas, não existimos.
Podemos dizer que um indivíduo que não tem voz e espaço na sociedade não exerce seus direitos, não conhece seus deveres, não tem caráter e nem valores que equilibram a justiça social…ele não existe, ou pelo menos não deveria.
O Homem, segundo Kant, não é senão o que a educação faz dele.
O posicionamento ético diante do mundo e das relações pessoais depende da educação moral iniciada na infância e da passagem por uma formação humanística através de todo processo formal de educação.
Falar de ética e cidadania, desde a antiga Grécia, é falar de adolescência, pois então, o adolescente era reconhecido como “aquele que se elevou” para se tornar cidadão e cumprir os costumes (ethos) dos adultos. Hoje, mais do que nunca, é reconhecida a importância do período da adolescência na construção do sujeito definitivo, sendo suas vivências e valores determinantes do comportamento do ser humano na fase adulta.
Crianças e jovens não podem e não conseguem despertar para o sonho de uma sociedade eticamente consistente, capaz de sobreviver em seus ideais de democracia, participação, responsabilidade comum, quando a violação de normas de respeito a deveres e direitos mútuos é considerada e aceita como algo normal, como hoje parece acontecer em nosso país onde está vigorando uma “moral” impregnada do mais radical individualismo. Ela destitui a ética do bem comum e dos interesses e necessidades nacionais, para entronizar a prepotência e a apropriação indébita dos bens públicos.
A pergunta que permanece é como nós Maçons articulamo-nos para tornar os indivíduos éticos e cidadãos. E dentro desta ótica, qual seria o papel da maçonaria neste processo?
A maçonaria por seu caráter universal, formada por homens de todas as raças, credos e nacionalidades que tem por finalidade a construção de uma sociedade humana fundada nos princípios da razão, da verdade e da justiça tem fundamental papel neste processo, não podendo atuar apenas como simples coadjuvante mas sim como ator principal.
Nossa responsabilidade na formação de nossos jovens, sejam eles ligados à família maçônica ou não é fundamental para a consecução destes objetivos.
A Ordem DeMolay, os Betheis de Filhas de Jô, as Assembléias de Meninas do Arco Íris e os Núcleos da Ação Paramaçônica Juvenil foram por nós criados no intuito exatamente de dar esta formação aos nossos jovens, tornando-os cônscios de seus deveres para com a sociedade e cidadãos dotados com a devida formação ética e moral necessárias à construção de um mundo mais justo e uma sociedade mais perfeita.
Temos também a nos dar suporte a Ordem Internacional da Estrela do Oriente, formada por nossas esposas, filhas e sobrinhas já na idade adulta que nos auxiliam sobremaneira na formação de nossa juventude.
Mas não nos cabe somente este trabalho, devemos atuar, para a formação de uma sociedade ética e cidadã, junto à sociedade civil instando-a a uma indignação ética implicando, e crescentemente, numa maior consciência, exigindo clareza do processo político, onde se tenha maior noção de política que neste momento se reduz à veiculada pelos partidos políticos em contraponto a seu verdadeiro significado de política que é a ciência cujo o fim, “o bem propriamente humano”, é o bem comum.Bem comum que encontra moradia na ética. Ética que é um modo de vida, que é uma necessidade instituída e que se encontra no campo da liberdade onde a autodeterminação da práxis, da ação humana, institui o momento do poder se rompendo com a sucessão do mesmo. Onde o cidadão comece a se reconhecer neste espaço, não se resumindo a vida em rotinas mecânicas e não participativas ou enunciadoras de ações positivas de conjuntos de cidadãos, sendo necessário repensar o cotidiano, repensar as relações sociais e aos poucos criar mecanismos que tornem óbvio a cada cidadão que a participação na sociedade é não apenas importante, mas necessária à sobrevivência do sistema político.
Toda a Maçonaria Universal é, pois, conclamada a retomar o sonho de uma democracia marcada pela ética, que gera cidadania, que se expressa em participação, em busca dos direitos, em exigência dos deveres, em cuidados com a preservação da vida, em denúncia dos males sociais, em gritos contra a corrupção, em clamores pela honestidade, em promessas transformadas em ação, em verdades que não mais sejam dúbias.
E, neste sentido faz-se necessário um salto do individual para o coletivo, do privado para o público e do particular para o universal.
Sejamos rápidos, pois já se faz tarde, atuemos logo no presente para que tenhamos um bom futuro pois quando virmos o presente reagir sobre o futuro, pelas forças das coisas, e, sobretudo, quando compreendermos a reação do futuro pelo presente; quando, em suma, verificarmos que o passado, o presente e o futuro se encadeiam por inflexível necessidade como o ontem o hoje e o amanhã na vida atual então nossas idéias mudarão completamente, por que veremos na vida futura não só um fim como também um meio; não um efeito distante, mas atual. Então, igualmente essa crença exercerá sem dúvida, e por conseqüência toda natural, ação preponderante sobre o estado social e a moralização da humanidade.

“Ética e Cidadania!” Este é o grito que deve ser bradado alto e em bom som por todos os homens livres e de bons costumes desta nossa Pátria chamada Brasil.
Luciano Alfredo Vianna do Rio
Grande Secretário de Entidades Paramaçônicas
GOSP/GOB

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